quinta-feira, 14 de abril de 2011

Saudade que eu sinto, de tudo que eu ainda não vi.

E de repente me bateu uma saudade de acordar às 6h, me arrumar pra ir pra escola, descer aquelas escadas e ficar esperando ouvir a buzina da perua escolar. Deu saudade de ir para aquela escola e comprar pastilhas, aprender a fazer adição. Deu saudade da lojinha do Tio Sérgio, comprar tubaína no saquinho e um salgadinho. Deu saudade de tomar vitamina de abacate. Deu saudade assistir “Vale a pena ver de novo” e ir adormecendo no sofá, coberta com meu edredom, rosa de florzinha. Deu saudade da piscina de mil litros. Deu saudade de brincar de professora, escritório, cantora, modelo, operadora de caixa. Deu saudade de dar gargalhada até perder o ar. Deu saudade de pegar o ônibus e ir pra escola, deu saudade do intervalo, de comprar um croissant de calabresa, de devorar um salgadinho. Deu saudade da sala de aula, das tardes na escola, das manhãs na escola. Deu saudade da chuva, da praia. Deu saudade do parque de tarde, do Museu de Ipiranga. Deu saudade do jazz, da natação, do pão de queijo. Deu saudade de descobrir várias coisas. Deu saudade de comer chokito branco, de andar de patins, deu saudade de balançar na rede. Deu saudade de ficar pendurada no telefone. Deu saudade do bife de panela da vovó. Deu saudade da minha casa, de amigos que já passaram em minha vida, dos amigos que morreram, dos amigos que ainda estão em minha vida. Deu saudade de roubar plantinha e fazer comidinha. Deu saudade da catequese. Deu saudade de dançar, inventar uma dança, inventar uma piada, tirar uma foto. Deu saudade de tietar. Deu saudade de aprender inglês, de falar inglês. Deu saudade de ganhar flores, sentir borboletas no estômago, deu saudade de beijo na boca. Deu saudade de chorar, de escrever, de ler, de comer brigadeiro de panela, de comer pipoca, ir no cinema, ir no teatro. Deu saudade de dormir sem me preocupar com a hora de levantar. Deu saudade da vovó, do vovô, do Tio Edu com sua caixinha de Bis atrás da porta, da família, do papai... Deu saudade de tanta coisa, deu saudade até de sentir saudade. Deu saudade da infância, eu podia ser várias pessoas e continuar sendo eu. Eu podia fazer várias coisas e nada eu faria errado, pois eu sempre podia fazer de novo. Ah se eu pudesse voltar no tempo, reviver tudo com mais intensidade, mas enfim...

Um comentário:

  1. Tenho saudades parecidas.
    A gente sempre vai ter essa sensação que aproveitou muito mas que não aproveitou o bastante?

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